Parcerias e ações colaborativas são a chave para mudarmos o mundo

Parcerias e ações colaborativas são a chave para mudarmos o mundo

Brasil

Parcerias e ações colaborativas são a chave para mudarmos o mundo

Episódio #12 – Podcast 2030

Por Renata Brunetti

 

Falar de Célia Cruz, para mim, é até difícil. Mais que uma amiga, Célia é uma pessoa importantíssima na minha vida, uma irmã nessa jornada por um mundo melhor, uma parceira de projetos, sonhos e esperança. Eu bati esse papo delicioso com ela para o 2030, o podcast do Change for Good, e não foi fácil finalizar a conversa, pois são tantos assuntos e interesses comuns, que ficaríamos horas e horas falando e refletindo sobre os temas da nossa vida: a busca por um mundo melhor para todos. 

Célia é diretora executiva do ICE, Instituto de Cidadania Empresarial, desde 2012. Mas seu percurso dentro do terceiro setor começou no início dos anos 1990. E foi nesse início de profissionalização do terceiro setor que nós nos conhecemos. Na verdade, Célia foi minha professora em captação de recursos para ONGs, em 1996. Foi ao lado dela que construí a minha nova vida profissional – quando deixei de trabalhar com arquitetura de interiores e passei a trabalhar no terceiro setor.

Foi com ela, também, que aprendi que o conhecimento só faz sentido se for transmitido e compartilhado, e isso é o que move todo o trabalho que faço hoje com o Change for Good e com esse podcast

“Sigo uma carreira em captação de recursos. Fiquei na GV muitos anos, onde nos conhecemos. Depois fui trabalhar com empreendedorismo social. E, nesse momento, percebi que as organizações da sociedade civil precisavam acessar mais bolsos, precisam de dinheiro para fazer essa transformação que elas querem fazer. Quando eu volto pro Canadá de novo, me conecto com esse campo das finanças sociais, do investimento de impacto, entendendo que o dinheiro da filantropia e do governo tinha um volume significativo, mas que precisávamos de muito mais dinheiro até para responder aos ODSs”, explica. “Foi assim que entramos – nós duas juntas – no setor de investimentos e negócios de impacto, para acessar um volume maior de capital.”

E esse volume é realmente grande. Segundo a Célia, são necessários 6 trilhões de dólares por ano para conseguirmos atingir a agenda 2030 da ONU. Esse dinheiro existe, mas precisa ser acessado. Por isso que é tão importante unir esforços de todos os lados, seja por meio da doação e da filantropia, seja pelas instituições e fundações, e pelos negócios de impacto, que já nascem com a ideia de resolver problemas sociais e ambientais e, ao mesmo tempo, serem rentáveis e darem retornos financeiros.

Mas, para Célia, esse campo dos investimentos e negócios de impacto é maior do que pensamos. “Em 2020, esse campo atingiu 785 bilhões de dólares. Cresceu muito nos últimos anos”, diz.

Mas há uma questão que não pode ser quantificada nesta conta, pois é simbólica. “É como se fosse uma ilha inspiracional. Ou um projeto piloto (por ter um tamanho pequeno), mas que tem poder de influenciar grandes empresas convencionais.” Eu, assim como a Célia, acredito muito nisso, pois esses negócios de impacto já estão comprovando – no momento presente – que é possível ter empresas rentáveis e lucrativas. Isso é o máximo, pois estimula a mudança no mundo dos negócios tradicionais como um todo. Espero que vocês se inspirem nessa mulher incrível, assim como eu faço há anos! 

 

Sobre Célia Cruz 

Célia Cruz é Diretora Executiva do ICE, Instituto de Cidadania Empresarial desde 2012, foi diretora da Ashoka Brasil, Paraguai, Canadá e Managing Director da Ashoka Global Fellowship (2002 – 2011). Célia é graduada em economia pela FEA/USP e tem seu mestrado pela EAESP/FGV com intercâmbios na ESSEC, France e York University, Canadá. Em 1994 ela criou a Philantropics, sua empresa de consultoria em captação de recursos e trabalhou como Diretora de Desenvolvimento Institucional da EAESP/FGV até 2000. 

 

 

Dicas

Música: Fora da Ordem, do Caetano Veloso

Livros

  • 21 lições para o século 21, por Yuval Noah Harari (Companhia das Letras)
  • Guia de Meditação Para Principiantes, por Lîla Schwair (Mauad)
  • Impact: Reshaping capitalism to drive real change, por Sir Ronald Cohen

 

Organizações citadas

 

Fundação Getulio Vargas

Nossa produção acadêmica não fica a dever em nada à das mais avançadas instituições de ensino do mundo, com muitas das quais inclusive mantemos convênios de intercâmbio. Assim, podemos afirmar que o limite dos horizontes da Fundação Getulio Vargas é o limite da sua imaginação. 

https://portal.fgv.br/

 

Instituto de Cidadania Empresarial (ICE)

O Instituto de Cidadania Empresarial (ICE) nasceu em 1999 com um propósito claro: reunir empresários e investidores em torno de inovações sociais que pudessem alavancar seu investimento pessoal e filantrópico, de suas fundações e seu investimento corporativo para promover a  inclusão social e a redução da pobreza no país.

https://ice.org.br/

 

Ashoka

Ashoka Empreendedores Sociais é uma organização internacional sem fins lucrativos, com foco em empreendedorismo social, fundada na Índia por Bill Drayton em 1980. 

www.ashoka.org

 

IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social.

É a alocação voluntária e estratégica de recursos privados, sejam eles financeiros, em espécie, humanos, técnicos ou gerenciais, para o benefício público. Para promover a transformação social, esse investimento precisa ser feito com planejamento estratégico ancorado em dados, com indicadores pré-definidos execução cuidadosa, monitoramento dos resultados e avaliação do seu impacto. Esta é a proposta do IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social.

https://www.idis.org.br/

 

Otto Scharmer

Claus Otto Scharmer é conferencista sênior da Sloan School of Management, Instituto de Tecnologia de Massachusetts e co-fundador do Presencing Institute. Ele preside o programa MIT IDEAS para inovação intersetorial e é autor / co-autor de vários livros

https://www.ottoscharmer.com/

 

Aspen Network of Development Entrepreneurs (ANDE)

A Rede Aspen de Empreendedores de Desenvolvimento é uma rede internacional de organizações que trabalha para promover o empreendedorismo nos países em desenvolvimento.

https://www.andeglobal.org

 

Gife

O GIFE é a associação dos investidores sociais do Brasil, sejam eles institutos, fundações ou empresas. Nascido como grupo informal em 1989, o GIFE – Grupo de Institutos Fundações e Empresas, foi instituído como organização sem fins lucrativos, em 1995. Desde então, tornou-se referência no país no tema do investimento social privado.

https://gife.org.br/

 

Artemisia

A Artemisia é uma organização sem fins lucrativos, pioneira na disseminação e no fomento de negócios de impacto social no Brasil.

https://artemisia.org.br/

 

Quintessa

Transformamos a realidade do país pelo empreendedorismo

https://www.quintessa.org.br/?gclid=CjwKCAiAp4KCBhB6EiwAxRxbpLHoqf6TzAwh0qsPqaCNA_F0VN_bMVvpPU4KZ8sMMQM4u4jdNwa3DxoCgl0QAvD_BwE

 

Yunus Negócios Sociais

A Yunus Negócios Sociais chegou ao Brasil em 2013 e faz parte da rede da Yunus Social Business Global Initiatives. Por meio do investimento em negócios sociais, construímos uma ponte entre empresas e filantropia, uma alternativa sustentável concretizada por empreendedores, investidores e grandes corporações comprometidos com negócios celebrados e mensurados pelo impacto positivo gerado para a humanidade. 

https://www.yunusnegociossociais.com/

 

Cufa

A CUFA é uma organização brasileira reconhecida nacionalmente nos âmbitos político, social, esportivo e cultural. Foi criada a partir da união entre jovens de várias favelas, principalmente negros, que buscavam espaços para se expressarem, debater suas atitudes, questionamentos ou simplesmente sua vontade de viver.

www.cufa.org.br

 

Instituto Locomotiva

MAIS DO QUE ENTENDER DE NÚMEROS, SOMOS ESPECIALISTAS EM ENTENDER DE GENTE.

https://www.ilocomotiva.com.br/

 

Geledés Instituto da Mulher Negras

GELEDÉS Instituto da Mulher Negra fundada em 30 de abril de 1988. É uma organização da sociedade civil que se posiciona em defesa de mulheres e negros por entender que esses dois segmentos sociais padecem de desvantagens e discriminações no acesso às oportunidades sociais em função do racismo e do sexismo vigentes na sociedade brasileira.

https://www.geledes.org.br/

 

Aliança pelo impacto

A Aliança pelos Investimentos e Negócios de Impacto é uma iniciativa criada em 2014 com o objetivo de apoiar o fortalecimento de um ecossistema para a agenda de investimento e negócios de impacto no Brasil, principalmente através de duas estratégias: (1) produção e disseminação de conteúdos e (2) articulação com atores estratégicos.

https://aliancapeloimpacto.org.br/

Dados 

 

  • O instituto Gife captou, em 2020, 6 bilhões de reais de doação.
  • São necessários investimentos da ordem de 6 trilhões de dólares por ano no mundo para atingir a agenda 2030 da ONU
  • Em 2020, os investimentos de impacto no no mundo, segundo a pesquisa Global Impact Investing Network atingiram 785 bilhões de dólares. No Brasil atingiram 3 bilhões de reais (fonte: Pesquisa Ande  investimentos de  impacto no Brasil nos últimos dois anos, 2020).
  • O mercado de investimento tradicional faturou 30 trilhões de dólares no mundo

 

Como podemos, enquanto pessoa e sociedade, ajudar na sua causa? 

“Me move muito a empatia em relação ao outro. A pandemia acentuou esse olhar. Todo mundo está sofrendo e a gente vem de um lugar de muito privilégio. Perceber esse lugar de privilégio me faz estar a serviço de que mais pessoas tenham mais oportunidades, como a gente teve. Me traz muito essa atenção. A atenção em pensar em pessoas que estão morando e vivendo que estão vivendo em favelas.”

“Na questão racial, desafio recente, com a história do Carrefour. Mas o Carrefour acontece no nosso dia a dia e a gente não se dá conta desse lugar de racismo estrutural onde nós nascemos. Pensar, o tempo todo, se estamos tendo pensamentos racistas. Pensar o que podemos fazer para mudar isso, porque são anos de escravidão, anos de pessoas negras não tendo as mesmas oportunidades que a gente, com salários menores, com mães que tiveram condições muito mais desafiadoras pra criar seus filhos. Qual oportunidade que eu tive e que eu gostaria de criar? Tem horas que a gente ajuda fazendo doações, em outros momentos sentando nos conselhos, como voluntário de organizações, e em outros botando a mão na massa.”

 

*O Change for Good agradece Willy Verdaguer pela autorização para usarmos como abertura o delicioso arranjo que fez com o grupo Humahuaca para a consagrada Alegria Alegria de Caetano Veloso e aproveita para agradecer e se desculpar por ter tomado emprestado, sem sequer pedir licença, a música Fora da Ordem, do Caetano Veloso, para fechar este episódio. 

Sobre

2030 é o mais novo projeto do Change For Good, onde recebemos convidados mais que especiais que nos mostram que não só é possível mudar o mundo, mas que isso já está acontecendo. Tudo que discutimos aqui se baseia dos 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU para 2030. Bem-vindos, e vamos juntos mudar o mundo!

Apoio aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU

Essa iniciativa contribui para o alcance de:

  • ODS 10 - Redução de desigualdades: que visa Reduzir a desigualdade dentro dos países e entre eles
  • ODS 17 - Parcerias e meios de implementação: que visa Fortalecer os meios de implementação e revitalizar a parceria global para o desenvolvimento sustentável

Ouça agora nos tocadores