Investimento verde para combater a mudança climática

Episódio #07 – Podcast 2030

Por Renata Brunetti

Mark Lutes,  canadense radicado no Brasil há muitos anos, é um super especialista em energias limpas e em políticas públicas que sustentem essa transição tão importante das energias poluentes para as energias verdes, tema específico do ODS #7, sobre a busca por energia limpa e acessível. Ele é, também, Conselheiro Sênior para Política Global do Clima no WWF International. 

Mark e eu tivemos uma conversa muito interessante e importante para o 2030, o podcast do Change for Good. Todos nós sabemos que a mudança climática é um dos maiores desafios que enfrentamos neste momento enquanto civilização. O planeta está ficando mais quente por conta do nosso estilo de vida e nós precisamos pensar, com urgência, na transição que governos, indústrias e cidadãos precisam fazer para construirmos um mundo melhor e com menos pegada de carbono. “As mudanças climáticas são um fenômeno que começamos a entender nas últimas três décadas. Mas os primeiros cientistas já entendiam que poderíamos ter alterações climáticas um século atrás, no final do século XIX”, explica. Essas primeiras pesquisas já indicavam que a temperatura do planeta poderia aumentar entre 2 e 4 graus celsius se continuássemos a emitir gás carbônico como fazíamos naquela época. E, atualmente, as pesquisas comprovam essa alteração.

“Entre a comunidade científica que estuda clima, não resta dúvida que as mudanças climáticas estão acontecendo e que os humanos são a causa principal”, afirma.

Mark explica que é necessário que os governos tomem decisões importantes neste sentido.

“Estilo de vida, escolha de produtos ou a escolha de comprar menos não são o suficiente para resolver os problemas das mudanças climáticas. Tem muitas decisões que precisam ser feitas pelas grandes indústrias para migrar para as tecnologias mais limpas. Os investimentos para essa transição são grandes”, diz.

“Precisamos muito de políticas públicas. Os governos precisam fazer intervenções para planejamento urbano que direcionem os investimentos no setor elétrico. Por exemplo, não pode mais estimular investimentos em termelétricas de carvão ou gás.”

Assim como eu, ele acredita que a pandemia vem nos possibilitando  refletir mais sobre nosso estilo de vida e sobre o nosso futuro na Terra. Tanto ele quanto eu acreditamos que a pandemia é uma oportunidade única para que os governos tomem decisões verdes e usem a lógica da sustentabilidade para recuperar suas economias. Seria algo incrível ter esse ganho em meio a tanto sofrimento! 

Sobre Mark Lutes

Mark Lutes é Conselheiro Sênior para Política Global do Clima no WWF International, com sede em São Paulo, Brasil. Nascido no Canadá, Mark trabalha há três décadas buscando soluções para a crise climática global, mergulhando profundamente nos processos de políticas nacionais e internacionais no Canadá, Brasil e na UNFCCC, Acordo de Paris e Organização Marítima Internacional. Ele acredita firmemente que regimes internacionais e globais eficazes são necessários para complementar e alavancar ações nacionais, locais e setoriais para alcançar resultados globais de clima, desenvolvimento e justiça. Mark lidera a equipe do WWF que participa das negociações da UNFCCC e do Acordo de Paris e representa o WWF na Iniciativa de Navegação Sustentável sobre questões de GEE na Organização Marítima Internacional.

Organizações citadas

CCNB

Protegendo a terra, o ar e a água em New Brunswick (Canadá).

https://www.conservationcouncil.ca/

WWF

O World Wide Fund for Nature é uma Organização não governamental internacional que atua nas áreas da conservação, investigação e recuperação ambiental, anteriormente chamada World Wildlife Fund, nome oficial ainda em uso nos Estados Unidos e Canadá.

https://www.wwf.org.br/

Como podemos, enquanto pessoa e sociedade, ajudar na sua causa? 

“Os governos e as indústrias precisam fazer essa migração [para as energias limpas]. Como cidadãos, temos um grande papel de influenciar os governos e os países que mais negacionistas, que menosprezam os problemas das mudanças climáticas e estão muito ligados às indústrias mais sujas. Como cidadãos, temos como colocar líderes que dão a atenção necessária a esses assuntos.”

Dados 

• As mudanças climáticas são um fenômeno que começamos a entender nas últimas três décadas. Mas os primeiros cientistas já entendiam que poderíamos ter alterações climáticas um século atrás, no final do século XIX. Essas primeiras pesquisas já indicavam que a temperatura do planeta poderia aumentar entre 2 e 4 graus celsius se continuássemos a emitir gás carbônico como fazíamos naquela época. E, atualmente, as pesquisas comprovam essa alteração.
• Por conta do aquecimento global, doenças que eram tropicais – cujos vetores, que são os insetos e os carrapatos, eram de áreas tropicais – estão saindo de áreas tropicais e indo para áreas mais temperadas, levando novas doenças para outras regiões do mundo.
• O oceano absorve o calor da atmosfera. Há estudos que mostram que existem duas calotas de gelo na Antártica que vão derreter. Vai demorar séculos, mas já começamos um processo que pode ser irreversível. Se elas derreterem, o oceano aumenta entre 12 a 14 metros só com essas duas calotas que já começaram a derreter. Se todo o gelo da Antártica derreter, o crescimento dos oceanos chega a 70 metros. Vai demorar mais de milênio para isso acontecer. Mas, se isso acontecer, o mundo ficaria irreconhecível. 

*O Change for Good agradece Willy Verdaguer pela autorização para usarmos como abertura o delicioso arranjo que fez com o grupo Humahuaca para a consagrada Alegria Alegria de Caetano Veloso e aproveita para agradecer e se desculpar por ter tomado emprestado, sem sequer pedir licença, a música Non Believer, London Grammar, para fechar este episódio. 

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