Trabalho em conjunto é a resposta para um mundo melhor

Episódio #17 – Podcast 2030

Por Renata Brunetti

Eu e Dani Café fomos vizinhas por uns 5 anos, muitos anos atrás, alguma coisa entre 15, 20 anos atrás… Já faz tanto tempo que não lembro a duração e nem a data precisa! Mas me recordo muito bem das nossas conversas e dos encontros que tínhamos em nossas casas e nas áreas comuns do prédio,  sempre na correria dos cuidados com filhos, trabalho, casa. Ela, uma executiva super bem sucedida do mercado financeiro, chegando de Nova York, e eu, já naquela época, trabalhando com o meu propósito: mobilização de recursos para instituições do terceiro setor. Depois de tantos anos distantes, nos encontramos em 2019 quando ela voltava de um sabático super inspirador com seus filhos.  E qual não foi a minha surpresa quando soube que ela também tinha dado uma guinada em sua carreira e estávamos juntas na mesma busca por um mundo melhor. “Eu lembro que, quando éramos vizinhas, você já falava em sustentabilidade naquela época”, me disse Dani com muito carinho num bate-papo entre eu, ela e sua sócia, Ana Siqueira. Uma conversa muito animada e cheia de esperança que fizemos para o 2030, podcast do Change for Good.

Dani me contou com mais detalhes as suas andanças pelo mundo até chegar no momento atual. “Em 2017, tive um click e decidi que estava na hora de colocar mais propósito na minha vida. E realizei um ano sabático em 2018 com meus quatro filhos. Na época, eles tinham 14, 12, 10 e 10.

Decidi viver um ano de propósito, escrevi umas palavras no papel e disse que eu queria viver essas palavras com os meus filhos: sustentabilidade, compaixão, empatia…”, diz. “O resultado foi uma vivência de oito meses na Ásia, onde passamos por 17 países e fizemos trabalho voluntário e imersão cultural. Vi muita coisa lá fora e decidi que era hora de voltar e aplicar esses aprendizados no Brasil.

Então, criei a Artha com a minha amiga Ana.” Ana, também uma executiva bem sucedida na área financeira, estava mergulhada, desde 2015, em reflexões sobre ética e governança corporativa. “Eu me perguntava: Por que tanta gente não levanta a mão para dizer que isso não está correto?”, conta.

Juntas, elas decidiram introjetar propósito em suas vidas profissionais e ajudar a acelerar as metas do ODS 17, estabelecidas pela ONU: fortalecer os meios de implementação e revitalizar a parceria global para o desenvolvimento sustentável.

A Artha – palavra em hindu que significa propósito, sentido e essência – é uma empresa de educação em sustentabilidade que também estuda e propõe iniciativas sustentáveis para empresas. A ideia é criar trilhas educacionais que incentivam os participantes – estudantes, organizações, empresas – a irem para ação e pensarem soluções para problemas diversos, por meio da inovação social. Dani e Ana trabalham esses conceitos dentro das empresas, mas também em escolas públicas.

“A gente observa que as empresas têm os negócios e o dia a dia muito intenso. A gente consegue trazer para as empresas uma reflexão, fazer com que as empresas parem e trabalhem o tema. E isso é muito interessante. Resolver problemas é tão simples. Quando reunimos pessoas e discutimos, conseguimos gerar soluções muito interessantes”, afirma Ana.

Numa conversa cheia de engajamento e brilho nos olhos, Dani, Ana e eu falamos muito sobre a importância das parcerias ganha-ganha entre todos os atores da sociedade. Assim como elas, acredito que as parcerias são fundamentais para promover as mudanças necessárias para uma sociedade mais justa e, desta forma, conseguirmos chegar mais próximos aos ODSs criados pela ONU visando um futuro melhor. Não deixem de escutar este e outros episódios do 2030, que vocês podem acessar no site do Change ou direto nos principais  tocadores. 

Sobre Dani Café e Ana Siqueira

Dani Café – Sócia responsável pela distribuição internacional dos fundos da Gávea Investimentos (2008-2017), sócia fundadora da e-nicial Ventures, Fundo de Capital de Risco para investir em empresas de tecnologia na América Latina (2000-2008). Responsável pela corretora Icatu Securities e pelo relacionamento com investidores estrangeiros do Banco Icatu (1994-1999). Iniciou sua carreira como auditora na Price Waterhouse Coopers (1991-1994). Dani foi do conselho do Ensina! (Versão Brasileira do Teach for América). Formada em Administração de Empresas pela Universidade Integrada Cândido Mendes.

Ana Siqueira – CFA – Conselheira Fiscal da BrMalls, vice-coordenadora da Comissão de Pessoas do IBGC e colunista da Revista Capital Aberto (desde 2016). Iniciou carreira na Shell Brasil (1987-1995), ocupou posições-chave ao longo de 18 anos em bancos (Icatu, ABN e Santander) e foi sócia de gestoras de recursos (IP, JBI e Ventor). Foi COO de single family office (2011-2012), Conselheira de Administração de startups (2000-2002) e Conselheira Fiscal da Mills Estruturas e Serviços de Engenharia S.A.(2017). Além de sua experiência no setor privado, em 1999 trabalhou no BNDES como assessora da diretoria. Co-autora de livros sobre governança corporativa, foi professora de cursos do IBGC (de 2016 a 2020). Ana é Engenheira de Produção (UFRJ), com Especialização em Administração (PUC-RJ). Recebeu o título de CFA em 2001, Administradora de Recursos registrada na CVM (2003), Conselheira de Administração certificada pelo IBGC (2015). Em 2018 concluiu o Curso Básico de Mediação de Conflitos – Mediare.

Dicas da Dani

Livros 

Em busca de sentido: Um psicólogo no campo de concentração, de Viktor E. Frankl

Obrigado pelo atraso: Um guia otimista para sobreviver em um mundo cada vez mais veloz, de Thomas Friedman

O Novo Poder: Como Disseminar Ideias, Engajar Pessoas e Estar Sempre Um Passo à Frente em Um Mundo Hiperconectado, por Henry Timms e Jeremy Heimans.

Música

Música: Men in the mirror – Michael Jackson

Dicas da Ana

Quarto de despejo, por Carolina Maria de Jesus 

1968: O ano que não terminou, por Zuenir Ventura

Code of ethics and standarts of professional conduct, do Instituto Chartered Financial Analyst (CFA)

O palhaço e o psicanalista: Como escutar os outros pode transformar vidas, por Christian Dunker e Cláudio Thebas 

Caixa de ferramentas em mediação: Aportes práticos e teóricos, por Tania Almeida 

Música

Música: We are the world – Michael Jackson

Organizações citadas

https://www.artha.net.br/

Como construir um mundo melhor?

“Nosso cliente são as empresas, mas chegamos nelas pelo coração. O engajamento é o coração. O quanto podemos impactar e melhorar a vida das pessoas. Costumo dizer que o mundo esgarçou demais. Vemos uma desigualdade tão grande. Meritocracia só começa a funcionar a partir de certo ponto. Mas e se eu não tive oportunidade de estudar? Isso me move bastante. Essa questão precisa fazer parte do modelo de negócios delas [empresas], se não for por uma questão ética e altruísta, seja pelo mercado: se você não tem uma sociedade que invista em capital humano, seu mercado de consumo será afetado. Todos vão ser afetados. Não está construindo um futuro e uma perenidade da empresa. A gente fala muito disso. Desigualdade é uma questão que me toca muito. Lendo sobre empatia, sustentabilidade, [palavras] que foram negligenciadas ao longo da história e que o preço a ser pago, agora, é muito alto”, diz Ana Siqueira.